Ilha Hashima: A Ilha Fantasma Que Já Foi o Lugar Mais Lotado do Mundo
- Sora
- 28 de abr.
- 4 min de leitura

Imagine viver espremido em uma ilha minúscula, cercado por concreto, mar revolto e... nenhuma árvore por perto. Parece cenário de filme pós-apocalíptico, né? Pois é real. Conheça Hashima, o lugar onde o futuro chegou — e depois foi embora.
Uma Pedrinha no Meio do Nada
Primeiro, um pouco de geografia: Hashima fica a cerca de 15 km da cidade de Nagasaki, no Japão. E já foi conhecida por vários apelidos, mas o mais famoso é Gunkanjima, que significa "Ilha Navio de Guerra". Se você olhar de longe, vai entender por quê: o perfil da ilha lembra um navio blindado, todo de concreto, navegando no mar.
O tamanho? Míseros 6,3 hectares (menos que 10 campos de futebol).Mas, nos seus tempos de glória, essa ilhazinha abrigou mais de 5.000 pessoas! Era, proporcionalmente, um dos lugares mais densamente povoados do planeta.
A Ascensão: Ouro Negro no Subsolo
Tudo começou em 1810, quando foram descobertas jazidas de carvão no fundo do mar ao redor da ilha. Mas foi em 1887 que as coisas realmente esquentaram, quando a empresa Mitsubishi (sim, aquela dos carros e eletrônicos) comprou Hashima para extrair carvão em larga escala.
A ilha virou um projeto futurista:
Construíram os primeiros edifícios de concreto armado do Japão para resistir a tufões e maremotos.
Um complexo vertical de apartamentos, escolas, hospitais, mercados... tudo espremido.
Havia até salões de karaokê, cinema e fliperamas para os moradores se distraírem — décadas antes dos arcades virarem moda no resto do mundo!
É como se Hashima fosse um mini-Japão, acelerado no tempo e isolado no meio do mar.
A Vida em Hashima: Claustrofobia com Vista para o Mar
Viver em Hashima não era exatamente um paraíso. Era, na melhor definição possível, "uma prisão com salário".
Espaço? Uma família inteira vivia em um único cômodo pequeno, dividido por painéis de papel.
Lazer? Crianças brincavam em terraços de prédios porque simplesmente não havia ruas ou parques.
Transporte? Seus pés. Nada de carros. Hashima era 100% caminhável (e claustrofóbica).
Natureza? Zero. As poucas árvores que tentaram plantar morreram rapidamente, por causa do solo artificial e da maresia.
Ah, e os tufões: Hashima era atingida por tempestades fortíssimas. Quando o mar enfurecia, parecia que todo o concreto poderia desabar.
E mesmo assim, as pessoas se apegavam à ilha. Era casa. Era o futuro.
O Lado Sombrio: A Verdade que o Tempo Quase Enterrou
Como nem tudo são flores (ou árvores, no caso), Hashima tem um capítulo bem mais pesado.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Mitsubishi usou trabalho forçado de coreanos e prisioneiros de guerra chineses nas minas de carvão.As condições eram brutais: jornadas intermináveis, calor sufocante, falta de segurança e acidentes fatais eram comuns.
Estima-se que centenas de trabalhadores morreram nas galerias ou de exaustão.Hoje, há debates sobre como preservar essa parte sombria da história junto com a memória da ilha.
Em 2015, quando Hashima foi incluída como Patrimônio Mundial da UNESCO, o Japão reconheceu oficialmente que houve trabalho forçado lá — uma admissão importante (e tardia).
O Grande Abandono: E o Futuro Virou Ruínas
Depois da Segunda Guerra, o mundo mudou rápido.
O petróleo substituiu o carvão como principal fonte de energia, e as minas de Hashima foram ficando obsoletas.Em 1974, a Mitsubishi fechou a mina, e Hashima foi completamente evacuada. De uma hora para outra, 5 mil pessoas abandonaram tudo.
O que ficou para trás?
Apartamentos ainda com móveis.
Brinquedos esquecidos nas escolas.
Pôsteres de filmes se desbotando nas paredes dos cinemas.
Fliperamas silenciosos.
Hashima virou um fantasma de concreto, congelado no tempo, entregue à ação implacável dos ventos e da maresia.
Hashima Hoje: A Ilha dos Curiosos (e dos Corajosos)
Por décadas, Hashima ficou fechada ao público — visita proibida.Mas em 2009, a prefeitura de Nagasaki decidiu abrir parte da ilha para passeios turísticos controlados.
Hoje, você pode pegar um barco e caminhar por rotas específicas (seguras, porque o lugar é perigosamente instável). E a sensação é surreal:
Prédios corroídos parecendo cenários de filme de zumbi.
Salas de aula vazias, com quadros-negros ainda marcados.
Escadas que não levam a lugar nenhum.
Hashima também virou estrela de cinema: foi usada como inspiração para a fortaleza do vilão em 007 - Operação Skyfall.
E claro, é um prato cheio para exploradores urbanos, fotógrafos de ruínas (urbex) e amantes de lugares bizarros.
Curiosidades Rápidas Sobre Hashima
🏗️ O prédio mais famoso da ilha, o "Edifício 30", foi o primeiro prédio de concreto armado do Japão (1916).
🎥 Além de 007, Hashima já apareceu em animes, videogames (Call of Duty!) e documentários de mistérios.
🌪️ Durante os tufões, ondas batiam direto no alto dos edifícios!
🏚️ Estima-se que em 2025, muitas estruturas estarão irreconhecíveis devido à erosão.
🏛️ Há uma réplica de Hashima em um museu em Nagasaki para quem não pode (ou não quer) visitar a ilha real.
Conclusão: O Fascínio das Ruínas
Hashima é uma cápsula do tempo — não só sobre uma época de industrialização frenética, mas também sobre os limites do ser humano: a vontade de construir futuro mesmo nas condições mais difíceis.
Hoje, ao caminhar por entre os escombros silenciosos, é impossível não pensar:Como era viver aqui, ouvindo o vento zunir entre os prédios, sem árvores para quebrar o som, sem horizonte além do concreto e do mar?
Um lembrete poderoso de que até os impérios mais ousados podem, um dia, ser engolidos pelo tempo e pela natureza.
E você? Teria coragem de passear por uma cidade fantasma no meio do oceano?
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